Somos filhos das calçadas,
Netos das ruas,
Que beiram as estradas.
Se você foi como eu,
Então brincou nas ruas,
Construindo morada e jornada.
Escalando muros, brincando de "pic esconde",
Subindo nas mangueiras para "roubar" mangas e acerolas de toda "vizinhada".
Éramos felizes por poder escolher brincar no chão ou na água.
Um braço do rio, cujo nome é Santo, testemunhou nossas aventuras!
Um braço de rio Santo, chamado verdinho, que nos protegeu de todo perigo iminente, junto com a reza de nossas mães católicas e beatas!
O rio Santo, era verdinho no nome e na esperança de ver crianças brincando felizes nas represas das águas.
Minha mãe gela só de imaginar tanta aventura contada e guardada, hoje revelada, pois não se esconde emoção vivida e felizarda. Se fala sobre esta contando peripécias e dando gargalhadas.
Sua mãe deve gelar igual.
Entre calçadas, rios, mangas e acerolas; entre crianças que, de pés descalços, viviam, brincavam, brigavam e cresciam em vida imunológica e emocional, fomos nos formando cidadãos de bem.
Pois bem, de rio e calçadas só vem lembranças clarificadas e agraciadas, pois no nosso tempo e geração, só existia baleia azul nos oceanos, baleia preta na Disney; as baleias só pertenciam a natureza das águas, da vida real, sem permear a vida imaginária dos nossos jovens e crianças tão frágeis em emoção e alienados digital! Vivem menos a realidade e muito o mundo virtual.
Desejo a todos esses jovens e crianças mais calçadas, mais ruas, mais rios, mangas e acerolas...
Jalane Moura Maia
Psicóloga Escolar da Ed. Infantil e Ens. Fundamental I do Colégio Montessori
Psicóloga Clínica pela UFBA
Especialista em Psicossomática pelo IJBA
Capacitada em Psicologia Escolar (Universidade Baiana de Medicina) e Suicidologia (CISVASF)