Deniel Martins Batista, professor do Colégio Montessori e do Curso Redação com Deniel
“Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Esse foi o tema da redação do Enem 2023. Para muitos, uma boa proposta; para outros, nem tão boa assim.
Apesar de possuir um comando argumentativo simples (desafios), a quantidade de recortes temáticos, certamente, dificultou a vida de diversos estudantes, pois exigiu um alto nível de interpretação para identificar o problema central (invisibilidade do trabalho de cuidado) e entender como ele se relacionado com o público-alvo (mulher). Além disso, é provável que muitos candidatos tenham sofrido para fazer a manutenção temática em todos os parágrafos.
Outro ponto de discussão se refere ao fato de que, em 2015 e em 2021, o público feminino já tinha sido abordado na prova de Redação, com os temas “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” e “Reconhecimento da contribuição das mulheres nas ciências da saúde no Brasil”, respectivamente. Isso problematiza o tema da atual edição do exame, já que se esperava uma diversidade maior quanto ao grupo social utilizado na proposta temática.
Ressalvas à parte, cabe frisar que a “invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher” é um problema muito interessante e relevante, o que o credencia a ser um tema da prova de Redação do Exame Nacional do Ensino Médio.
Dito isso, os candidatos, com base nos textos motivadores, poderiam desenvolver uma argumentação pautada nestas questões, por exemplo: a importância do trabalho de cuidado para o desenvolvimento de diversas áreas da sociedade, a desigualdade social e a discriminação de gênero (TEXTO I); a discrepância de horas dedicadas às tarefas domésticas entre homens e mulheres (TEXTO II); a incitação à análise sobre como as mulheres têm mudado sua percepção perante a coletividade (TEXTO III); e o fato de que a demanda por serviços relacionados ao trabalho de cuidado tem aumentado, o que exige um novo olhar dos países acerca desse assunto (TEXTO IV).
Vale salientar, ainda, que diversos repertórios podiam ter sido usados, a exemplo de Jay Kyle e da mãe de Howard, personagens das séries “Eu, a Patroa e as Crianças” e “The Big Bang Theory”, respectivamente; a chamada PEC das Domésticas; e a crítica da escritora Martha Medeiros sobre a falta de debate social sobre pautas que determinados grupos não querem que venham à tona. Quanto aos elementos da intervenção, era possível usar o Ministério da Educação ou as escolas, uma vez que a temática também se relaciona com a formação ética e moral dos cidadãos; as famílias, dado que, em grande parte, são elas que perpetuam o estigma associado ao trabalho de cuidado na sociedade; entre outros agentes.
Infere-se, portanto, que o tema da redação do Enem 2023 foi bastante controverso, haja vista a sua – desnecessária – complexidade frasal e a repetição do público-alvo abordado. Por outro lado, a problemática trabalhada, evidentemente, foi – e é – bastante pertinente e, desse modo, válida.
“Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Esse foi o tema da redação do Enem 2023. Para muitos, uma boa proposta; para outros, nem tão boa assim.
Apesar de possuir um comando argumentativo simples (desafios), a quantidade de recortes temáticos, certamente, dificultou a vida de diversos estudantes, pois exigiu um alto nível de interpretação para identificar o problema central (invisibilidade do trabalho de cuidado) e entender como ele se relacionado com o público-alvo (mulher). Além disso, é provável que muitos candidatos tenham sofrido para fazer a manutenção temática em todos os parágrafos.
Outro ponto de discussão se refere ao fato de que, em 2015 e em 2021, o público feminino já tinha sido abordado na prova de Redação, com os temas “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” e “Reconhecimento da contribuição das mulheres nas ciências da saúde no Brasil”, respectivamente. Isso problematiza o tema da atual edição do exame, já que se esperava uma diversidade maior quanto ao grupo social utilizado na proposta temática.
Ressalvas à parte, cabe frisar que a “invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher” é um problema muito interessante e relevante, o que o credencia a ser um tema da prova de Redação do Exame Nacional do Ensino Médio.
Dito isso, os candidatos, com base nos textos motivadores, poderiam desenvolver uma argumentação pautada nestas questões, por exemplo: a importância do trabalho de cuidado para o desenvolvimento de diversas áreas da sociedade, a desigualdade social e a discriminação de gênero (TEXTO I); a discrepância de horas dedicadas às tarefas domésticas entre homens e mulheres (TEXTO II); a incitação à análise sobre como as mulheres têm mudado sua percepção perante a coletividade (TEXTO III); e o fato de que a demanda por serviços relacionados ao trabalho de cuidado tem aumentado, o que exige um novo olhar dos países acerca desse assunto (TEXTO IV).
Vale salientar, ainda, que diversos repertórios podiam ter sido usados, a exemplo de Jay Kyle e da mãe de Howard, personagens das séries “Eu, a Patroa e as Crianças” e “The Big Bang Theory”, respectivamente; a chamada PEC das Domésticas; e a crítica da escritora Martha Medeiros sobre a falta de debate social sobre pautas que determinados grupos não querem que venham à tona. Quanto aos elementos da intervenção, era possível usar o Ministério da Educação ou as escolas, uma vez que a temática também se relaciona com a formação ética e moral dos cidadãos; as famílias, dado que, em grande parte, são elas que perpetuam o estigma associado ao trabalho de cuidado na sociedade; entre outros agentes.
Infere-se, portanto, que o tema da redação do Enem 2023 foi bastante controverso, haja vista a sua – desnecessária – complexidade frasal e a repetição do público-alvo abordado. Por outro lado, a problemática trabalhada, evidentemente, foi – e é – bastante pertinente e, desse modo, válida.